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Gravidade Zero
Alcançar os céus, viajar pelo espaço e desvendar os mistérios do universo são coisas que sempre fascinaram o ser humano. Com o passar do tempo e a evolução da tecnologia, ultrapassar as barreiras do nosso planeta tem se tornado cada vez mais acessível.
Desta forma, com a cabeça no espaço e os pés no chão, um grupo de professores e alunos da UTFPR Câmpus Londrina criou, em 2014, o projeto “Gravidade Zero”, com o objetivo de pesquisar, colocar em prática estudos de aerodinâmica e propulsão, e também de informar acadêmicos e a comunidade em geral sobre a importância do foguetemodelismo. Além de servir de aprendizado aos estudantes, os minifoguetes, de médio alcance, são utilizados no sensoriamento remoto para medições atmosféricas de umidade, altitude, temperatura e gravidade, entre outras finalidades. Os objetos são criados na própria instituição, e os dados podem fomentar as mais variadas pesquisas. O tamanho de cada um varia de 60g a 800g, e as altitudes que podem alcançar variam de 100 a 500 metros.
O Projeto também visa criar alternativas sustentáveis para as tecnologias utilizadas atualmente por agências de pesquisa aeroespacial para colocação de satélites em órbita. Os membros da equipe buscam soluções sustentáveis, não tóxicas e ecologicamente corretas para a produção de foguetes à base de nitrato de potássio e açúcar, uma tecnologia inovadora e de alto valor e retorno comercial.
A equipe Gravidade Zero, que já passou por várias formações, conta atualmente com 15 integrantes, entre professores e estudantes dos cursos de Engenharia de Materiais, Engenharia Mecânica e Engenharia Química. Os trabalhos são coordenados pelos professores José Aécio Gomes de Sousa, do departamento de Engenharia Mecânica, e Kleber Eiti Yamaguchi, do departamento de Física. O atual capitão do projeto é o aluno de engenharia de materiais, Renato Lima da Silva.
Para alcançar as metas, todos trabalham de forma integrada, e a equipe se divide em subequipes: Marketing e Financeiro, e Prototipagem e Projetos. A primeira tem a função de viabilizar patrocínio e divulgar as ações do grupo, através de materiais gráficos e publicações no site do projeto e nos veículos de comunicação em geral. Todos os atuais patrocinadores do projeto são empresas londrinenses: a Sodfest, que fornece os fogos de artifício; a Labmaker, responsável por impressões de peças em 3D, e a SKA, que oferece curso de autocad.
A subequipe de Prototipagem e Projetos trabalha com a fabricação propriamente dita dos minifoguetes, focando em todos os detalhes relacionados aos componentes necessários e funcionamento dos equipamentos. O número de integrantes da equipe se mantém, para agilizar as tarefas; e somente quando um sai é que entra outro interessado.
Em 2017, o Gravidade Zero foi campeão do IV Festival Brasileiro de Minifoguetes, realizado na UFPR, em Curitiba, na categoria Classe A, com o foguete Graviton 1. Este ano, a equipe do Gravidade Zero participou da VI edição do evento, ocorrida entre os dias 27 de abril e 1º de maio, reunindo 17 grupos de foguetemodelismo, de todo o país. O grupo da UTFPR Londrina levou dois foguetes para o festival, o Lepton 1 e o Graviton 2, compostos de pvc, motor e ogiva em impressão 3D. A posição em que todas as equipes ficaram na competição ainda não saiu, mas independente desse resultado, todos ficaram muito satisfeitos de ter participado do evento, que é uma ótima oportunidade de todos ganharem visibilidade e conhecimento.
A equipe Gravidade Zero, desde que o projeto foi criado, sempre sonhou com altos voos, o que tem impulsionado os integrantes a uma trajetória brilhante, e levado ao reconhecimento do trabalho realizado ao longo desses cinco anos. Mas o projeto sobrevive e se destaca graças à luta diária de seus membros, que buscam patrocínios, fazem promoções e gerenciam com eficiência todos os recursos obtidos. “Promovemos rifas e outras ações, e agora mesmo, com essa viagem a Curitiba, nós economizamos ao máximo o valor que conseguimos, para poder investir no projeto”, conta o capitão Renato. “Precisamos de ferramentas e um carrinho de ferramentas também, para melhorar nossas condições de trabalho; e estamos atrás de uma célula de carga (transdutor de força), que certamente irá permitir uma inovação na produção de foguetes, em nível de Brasil. Esperamos conseguir esse equipamento junto a uma empresa local. Aí sim, iremos decolar pra valer”. Atualmente, todo o trabalho desenvolvido pela equipe está sendo arquivado, para que não se perca no tempo e espaço.
Além de todas as aplicações e aprendizado que propiciam, os minifoguetes são uma ótima atração, principalmente em eventos científicos, pois todos gostam de conferir os lançamentos e as marcas atingidas pelos modelos apresentados. “Em Londrina, o Gravidade Zero já participou de vários eventos, inclusive do Encontro Paranaense de Astronomia, o EPAST, que acontece na UEL. Este ano, a 16ª edição do evento será realizada de 20 a 22 de junho, e o Gravidade Zero estará lá novamente, representando a UTFPR”, conta Renato, empolgado.
Com base nas conquistas já obtidas, e na disposição para alcançar muitas outras, pode-se dizer que para essa turma do Gravidade Zero, que trabalha com um olho em suas criações e o outro nas tecnologias e programas de exploração espacial em todo o mundo, o universo é o limite!