Vale a pena ser professor?

Essa era a pergunta que, volta e meia, faziam para Maria. Melhor aluna do colégio no ensino fundamental e médio, uma das mais altas notas do vestibular de sua época,  uma das únicas a nunca reprovar em nenhuma matéria do difícil curso de Física.

Tremia quando entrou na sala para o estágio, mas, na saída, a frase de um menino inquieto lhe deixou feliz: "Foi a melhor aula do mundo, fessora".

"Fessora" é o que ela seria. Trabalhou dois turnos quando, ao findar a graduação,  cursou uma especialização.  Para o Mestrado,  conseguiu licença e uma bolsa da Capes, cerca de um salário mínimo, por ter sido a segunda melhor colocada no processo seletivo. Voltou pra sala logo depois da defesa da dissertação. 

Na época, além dos dois períodos de aulas, conseguiu lecionar em uma faculdade particular à noite. Ganhava por hora de aula dada, dava 14 horas/aula por semana,  para uma turma pequena e com dificuldades extremas em sua matéria. Mesmo ganhando pouco e trabalhando muito, desenvolveu um padrão para responder à  pergunta:

- Vale a pena ser professora?

Sorria escancarada, contando sempre uma história de algum aluno cuja vida ficou melhor por causa dela.

Guardava cada centavo, até que conseguiu trocar as aulas dos turnos diurnos  pelo doutorado.  Mesmo sendo uma das primeiras na classificação de entrada, só conseguiu uma bolsa de estudos após o primeiro ano. Mas foi um sucesso! Sua tese, premiada.  Artigo publicado em revista internacional!

Passou em concurso público, Universidade Federal! Trabalhava mais de 10 horas por dia - grupos de pesquisas, projetos de extensão, aulas elaboradas. Recebeu homenagens, transformou pessoas. Se aposentou aos 60.

- Ser professor vale a pena? Um estudante perguntou na festa de despedida.

Ela sorriu e contou uma história.

A vida de Maria é a de grande parte dos e das docentes de nossa Instituição.  Em Física ou Química ou Matemática ou Engenharias ou Letras ou Administração ou Educação Física ou Informática ou Comunicação ou Tecnologias ou em qualquer outro curso da UTFPR, encontramos pessoas que lutaram com tudo que tinham pra serem professores e professoras. Se destacaram na escola, se dedicaram no curso universitário,  se esforçaram no mestrado e não desistiram no doutorado. Mesmo os que seguiram outros formatos de capacitação igualam-se àqueles no atributo de serem profissionais muito mais capacitados do que a maioria, em qualquer área, em qualquer país do planeta.

Pessoas que sabem que, com essa capacidade, poderiam ter trabalhos em que recebessem um salário melhor ou trabalhassem menos ou fossem mais reconhecidos. Mas quando alguém pergunta:

- Ser professor vale a pena?

Abrem um sorriso e contam uma história.

Parabéns, professor e professora da UTFPR!

Marcos Schiefler, reitor, e equipe gestora da UTFPR