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JUÇARA: A ÁRVORE DO FUTURO

Projeto do Campus Campo Mourão contempla o plantio de 750 mudas de Palmeiras Juçara, espécie nativa em extinção
publicado: 26/07/2021 13h21 última modificação: 26/07/2021 13h21

“Uma vez o ambientalista e filósofo indígena Ailton Krenak afirmou que “o futuro é ancestral”. Talvez essa frase impactante descreva muito bem a frondosa palmeira Juçara (Euterpe Edulis). Essa espécie da palmeira existiu, por centenas de anos no bioma da mata atlântica, alimentando diversas espécies de animais e contribuindo para a diversidade da manta vegetativa. Se a Juçara está ameaçada de extinção devido à extração imoderada do seu palmito, tantas outras espécies, que dependem exclusivamente ou indiretamente dos seus frutos, se encontram no mesmo caminho de morte. A Juçara é uma peça chave ou uma árvore piloto para recuperar a biodiversidade desse bioma outrora tão pluralizado”. (Altieris Bortoli)  

 No intento de contribuir com a manutenção do nosso bioma, em julho deste ano foi realizado o plantio de 750 mudas da palmeira Juçara  por meio de uma ação de extensão idealizada pelo ex-professor da UTFPR do Campus Campo Mourão e doutorando em Filosofia (UFPR), Altieris Bortoli, com a participação da professora Marli Duque e do professor Marcelo Caxambu. O objetivo da ação é verificar o desenvolvimento da palmeira em uma região mais fria, uma vez que esta espécie é praticamente inexistente no sul do Paraná. Esta ação faz parte do projeto “Compartilhando conhecimentos e ações”, coordenado pela professora Adriana Fontes, o qual abarca ações em várias áreas.

 No último dia 03 de julho vinte famílias das comunidades Ponte Nova do Cotegipe, Barra Bonita e Jacutinga, da área rural de Francisco Beltrão, receberam 600 mudas para o plantio em suas propriedades. No sítio da família do professor Altieris foram plantadas duzentas mudas, e no bosque da UTFPR do  Campus Campo Mourão foram plantadas 150 mudas da palmeira pelos alunos do curso de Engenharia Ambiental.

 Segundo o professor Altieris Bortoli, a palmeira Juçara pode ser um marco fantástico para as comunidades de animais e humanos, caso se desenvolva e produza frutos, pois possuem alto valor nutritivo. Se for observado o desenvolvimento da espécie, esta ação contribuirá para melhorar e expandir a flora e a fauna daquela região, e outras pessoas poderão cultivá-las em suas propriedades. A conscientização ambiental tem ajudado a preservar e a perpetuar a espécie. O fruto da Palmeira Juçara se distingue do açaí. Sua fruta é mais conhecida como juçaí, possui um sabor mais suave e adocicado que seu parente açaí, e é extraído para obtenção da polpa, que é usada no preparo de várias receitas saborosas, tanto doces quanto salgadas, inclusive aumentando a renda familiar.

“Embora o juçaí seja mais lucrativo que a extração do palmito da Juçara, os benefícios da palmeira estão muito além da mera mercantilização dos seus frutos. Se a experimentação obtiver êxito e a Juçara conseguir habitar todas as localidades do bioma, mesmo nas mais frias – hoje um pouco mais quentes devido ao novo regime do clima –, ocorrerá uma significativa metamorfose ecossistêmica. Porém, desta vez não será pela força destrutiva da humanidade mercante, mas pela força criativa da Juçara em parceria com uma humanidade que possui uma outra visão de mundo, uma outra cosmovisão”, diz o professor e filósofo. 

Logo o professor Altieris ofertará oficina àqueles que se interessar em conhecer um pouco mais sobre a experiência com a ação e o plantio das Juçaras em um mini curso intitulado “Humanidade e Natureza”. As ações gerais do projeto “Compartilhando conhecimentos e ações” e links para inscrições de cursos e oficinas podem ser acessados na página: https://www.facebook.com/pccacoes