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Birgitte Tümmler: natureza, arte e técnica

ORGULHO

UTFPR faz parte da trajetória de artista reconhecida internacionalmente
publicado: 26/12/2022 09h14 última modificação: 20/01/2023 12h45
Birgitte Tümmler utiliza canetas esferográficas. (Foto: arquivo pessoal)

Birgitte Tümmler utiliza canetas esferográficas. (Foto: arquivo pessoal)

Ainda criança, após deixar a Dinamarca e se mudar para o Brasil, Birgitte Tümmler começou a construir uma forte relação com a natureza. Os animais silvestres criados por seu pai no sítio da família em Rio Branco do Sul, região metropolitana de Curitiba, despertaram uma paixão que hoje aparece em sua obra. As ilustrações que faz da natureza têm prestígio dentro e fora do Brasil e a UTFPR faz parte da trajetória dessa reconhecida artista.

Na década de 80, Birgitte cursou Técnico em Mecânica no Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná, o CEFET, que em 2005 se tornou Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). A então aluna, era uma das poucas mulheres no curso. Ela diz que o grau de precisão exigido nos desenhos técnicos até hoje fazem parte de sua vida e que o trabalho com maquinários, fresagem, tornos e fundição já apontavam para sua predileção por trabalhos manuais. No CEFET, também estudou inglês e foi atleta de basquete, chegando a ser vice-campeã nacional representando a instituição. Birgitte acredita que a vivência da sala de aula e das atividades extracurriculares do ensino técnico contribuíram para que ela se tornasse uma mulher forte e com perfil de enfrentamento, mas não esconde: em algumas aulas, perdia o foco e desenhava no final do caderno.

Nessa época, fez estágio em uma fábrica de cimento e, no final do curso técnico, ficou dividida entre prestar vestibular para Engenharia Mecânica ou Belas Artes. “Eu gosto de uma vida movimentada, de conhecer de tudo um pouco”. Acabou optando pela graduação em artes e, graças às aulas que teve no CEFET, chegou preparada para as provas de desenho em perspectiva do vestibular e, após ingressar no Ensino Superior, não teve dificuldade nas aulas de desenho geométrico.

Enquanto estudante universitária, integrou a equipe do Museu Paranaense, onde desenvolveu trabalhos de Espeleologia, área que estuda grutas e cavernas, reproduzindo, por meio de desenhos de alta precisão, as peças arqueológicas que encontrava. “Dentro das cavernas, você se torna humilde, percebe a grandiosidade da natureza e que nós somos apenas um complemento dela”, lembra.

 

Saíra-militar, ave símbolo de Morretes. (Arte: Birgitte Tümmler)

Porém, Birgitte se sentia muito dinamarquesa, como se não se encaixasse na cultura brasileira. Trancou a graduação em Belas Artes no Brasil e voltou para o país em que nasceu, sonhando em ingressar na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes. Chegando lá, descobriu que ainda não tinha um ateliê considerável para fazer parte do grupo. Birgitte pensou que não era artista. Em sua terra natal, trabalhou como desenhista técnica em uma empresa de engenharia.

Em uma de suas férias, viajou para o Brasil e reencontrou a natureza e os amigos do país. Percebeu que estava errada quando se considerou dinamarquesa em excesso: seu coração era também brasileiro. Voltou a morar no país sulamericano, trabalhando na empresa de sua família, que presta consultoria para fabricantes de cimento e de calcário. A empresa familiar foi afetada pela crise financeira do início dos anos 90 e Birgitte exerceu diferentes tipos de atividade profissional: trabalhou para uma empresa na Cidade Industrial, fez serviços de tradução, abriu uma escola de idiomas, foi representante comercial. A essa altura, tinha três filhos que dependiam do seu pão diário.

Um dia, fazendo trilha em uma montanha, abriu o estojo de suas filhas e encontrou canetas esferográficas coloridas. Ao pintar a natureza que a cercava, Birgitte sentiu que finalmente tinha se encontrado. Desde então, mergulhou no seu chamado artístico: retratar a natureza com um viés de conscientização e tocar as pessoas sobre a importância da preservação ambiental. A artista desenvolveu uma técnica em que desenha com caneta esferográfica, ganhou reconhecimento e inspirou outros artistas. A ilustradora também faz trabalhos com outros materiais, como acrílica, mas confessa sua predileção pela técnica que desenvolveu.

 

Rolinha-do-planalto, obra premiada no Festival Internacional de Imagem da Natureza. (Arte: Birgitte Tümmler)

Já reconhecida, voltou à instituição em que fez ensino técnico, o CEFET agora Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Ministrou uma palestra sobre Arte e Conservação da Natureza. Neste dia, encontrou vários professores do ensino técnico. “Tenho um carinho gigante, estar como palestrante foi devolver um pouquinho do que a instituição me deu e eu devo muito a ela.”

Projetos

Birgitte Tümmler faz parte do grupo Artists & Biologists Unite for Nature (Artistas e Biólogos se unem pela Natureza) em que artistas do mundo inteiro disponibilizam o uso de imagem de suas criações para entidades que atuam em prol da natureza. Foi premiada em 2019 no Festival Internacional de Imagem da Natureza de Portugal. Entre seus trabalhos recentes, participou do livro “Paisagem Paranaense, Cultura e Natureza”, publicado em novembro de 2022.

Em 2023, será lançado um livro, com suas ilustrações, sobre o inventário da fauna curitibana, organizado pelo Museu de História Natural de Curitiba. Além disso, ela já tem mais dois projetos de livros aprovados: um sobre a fauna de aves paranaense e outro sobre a sua própria trajetória artística que conta como é ser uma artista dinamarquesa com o coração brasileiro. Birgitte fará uma exposição sobre abelhas nativas sem ferrão nas festividades do aniversário de Curitiba e, além disso, está participando da organização de uma série de exposições artísticas para o Congresso Brasileiro de Espeleologia que ocorrerá na capital paranaense em 2023. O trabalho de Birgitte Tümmler pode ser acompanhado pelo seu perfil no Instagram: @birgittetummler_art.