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Da Universidade a Hollywood: egressa ganha Oscar com filme “Mank”
Premiação
Daniela Medeiros, diretora de arte e egressa do campus Curitiba da UTFPR no curso de Design de Móveis, ganhou uma das premiações do Oscar junto da equipe de Direção de Arte com o filme “Mank”, dirigido por David Fincher.
O filme que retrata a vida de Herman J. Mankiewicz, roteirista da obra premiada "Cidadão Kane", em sua luta pelos créditos do texto longa-metragem, ganhou dois Oscars, como Melhor Direção de Arte e Melhor Fotografia. Medeiros fazia parte da equipe como set designer, e produziu o desenho de três sets diferentes ambientados em 1930/1940.
Em entrevista para a comunicação da UTFPR, Daniela contou mais sobre a trajetória até Hollywood. Segundo a designer, ela cursava duas faculdades simultaneamente, Design de Móveis na UTFPR e Arquitetura na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). A partir destas, a egressa fez alguns intercâmbios, sendo um desses em Madrid, quando cursou uma disciplina que começou a despertar seu interesse por cinema.
Depois da formatura, começou a procurar formas de se especializar e se profissionalizar nesta área. Como não havia mestrados no Brasil na época, se mudou para Los Angeles, onde ganhou uma bolsa parcial para o mestrado no American Film Institute (AFI).
De acordo com a Diretora de Arte, posteriormente à conclusão do mestrado, foi contratada para projetos e filmes de grande porte, e cita como exemplo o filme “Thor: Ragnarok” da Marvel Studios:
“Meu primeiro grande filme, com menos de 1 ano finalizado o mestrado, foi o Thor: Ragnarok, depois disso trabalhei no Godzilla, Homem Formiga e a Vespa, Gemini Man [...] enfim, vários outros projetos e o último que foi lançado que foi o Mank”
Medeiros revela que sua metodologia de criação sempre começa na pesquisa, fazendo rabiscos, mexendo em formas em 3D, vendo referências, em obras de arte, prédios, ilustrações, entre outros. “No caso do filme Thor: Ragnarok a principal referência era o trabalho do Jack Kirby, ilustrador da Marvel Comics, então olhávamos várias ilustrações dele que ficavam pelo escritório”.
Em seu projeto mais recente, o set designer de “Mank”, usou o fato do filme ser em preto e branco durante o processo de criação. Quando criava os sets (espaços), fazia direto em preto e branco pelo computador e suas referências eram passadas em escala de cinza também. Mas, em simultâneo, eram pensadas as cores originais e como elas influenciariam nessa escala de cinza, então eram feitas testagens até atingir a cor e tom correto.
“Inclusive, o David Fincher e Don Burt queriam que o set parecesse um espaço real [...] para que os atores se sentissem naquele espaço como algo real, que não seria em preto e branco, então foram feitas escolhas de tonalidades que fariam sentido na vida real.”
“Quando eu estava fazendo a minha parte, o que era muito importante pensar eram as texturas, porque elas criam sombras e deixam o espaço interessante. Então, como a gente não tinha a ajuda da cor para tornar um espaço interessante, nós tínhamos que pensar muito nas luzes e sombras”.
Daniela também aconselha estudantes que queiram ingressar no cinema a frequentar espaços cinematográficos, seja de algo local ou por amigos, para conhecer mais como funciona no set, suas funções, como o filme é feito. A experiência ajuda a identificar qual área interessa mais para aprofundamento posterior.
Por fim, ela complementa com a importância da Universidade e suas formações para seu trabalho atual: “eu sou a pessoa que sou hoje devido as faculdades que fiz [...] e realmente, a faculdade te forma na sua formação específica, o mundo se abre muito não só pela faculdade, mas a gente amadurece muito [...] então eu acho que é um momento muito valioso, e para o que eu faço agora eu uso tudo que eu aprendi na faculdade”.
Para conhecer mais sobre a Daniela Medeiros e suas produções, você pode acessar este site.