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Disciplina optativa “Presença africana no Brasil: tecnologia e trabalho” celebra os 130 anos da abolição da escravatura com reflexão em sala de aula

publicado: 28/06/2018 14h24 última modificação: 28/06/2018 14h33

O Departamento Acadêmico de Estudos Sociais do campus Curitiba aborda a importância da contribuição africana para o país ofertando a disciplina para os alunos de ensino superior da instituição

 

De: Giulia Gaio (COMORG-UTFPR)

 

No ano do aniversário dos 130 anos da Lei Áurea, a professora do campus Curitiba da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Andréia Kominek, fala sobre a importância de pensar sobre a data dentro das universidades; . “Não há o que comemorar com os 130 anos da abolição da escravatura, precisa-se refletir”, afirma a professora, que justifica a postura demonstrando que o  Brasil ainda vive o preconceito, a desigualdade e a segregação racial.

Responsável por ministrar a disciplina sobre a presença africana no Brasil, Kominek aponta que a data 13 de maio de 1888 não deve ser lembrada sem que se inclua que,  dia 14 de maio, os escravos acordaram livres, porém sem trabalho e sem ter para onde ir.  Ela faz referência ao discurso do senador Abdias Nascimento na comemoração dos 110 anos da Lei Áurea , ressaltando que a data é vendida como um produto da benevolência da coroa portuguesa enquanto, na verdade, aqueles que se tornaram livres, “de escravos passaram a favelados, meninos de rua, vítimas preferenciais da violência policial, discriminados nas esferas da justiça e do mercado de trabalho, invisibilizados nos meios de comunicação, negados nos seus valores, na sua religião e na sua cultura”. A professora lamenta e acrescenta que os reflexos dessa realidade são visíveis ainda hoje.

Neste sentido, a importância de refletir e aprender sobre a história dos negros no Brasil se faz presente, pois a única maneira de celebrar esta data é através da promoção da igualdade, e a Universidade espera conscientizar seus alunos sobre o tema.

Essa iniciativa não é isolada, mas desde de 2003, a lei 10.639/2003 exige que sejam ofertados conteúdos sobre a história africana nos vários níveis do ensino; o objetivo da disciplina optativa da UTFPR é que os alunos conheçam, para passar a reconhecer, a importância da contribuição africana para o Brasil. São estudados, em sala de aula, temas como: feminismos negros, religiões de matriz africana, o negro no cinema brasileiro, migração ao Brasil contemporâneo e quilombos: heranças e o desafio da demarcação. No último semestre, 84 alunos concluíram a disciplina, que conta com uma grande mescla de estudantes de diferentes cursos, em momentos de compartilhamento de saberes e diversidade.