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Eva Gerva, chefe da Biblioteca da UTFPR-CT

MULHERES NA UNIVERSIDADE

Servidora fala sobre o papel das bibliotecas universitárias na contemporaneidade
publicado: 06/10/2023 16h32 última modificação: 06/10/2023 16h32

Desde 08 de março de 2023, o campus Curitiba promove uma campanha para destacar as mulheres da UTFPR, divulgando suas participações no ensino, na ciência, na extensão e na gestão da universidade pública. No oitavo dia de cada mês, as entrevistadas contam suas histórias, suas contribuições e mostram que a universidade é também espaço da mulher. A entrevistada de outubro é Eva Teresinha Gerva, chefe do Departamento de Bibliotecas (DEBIB-CT).

Eva tem 63 anos e é natural de Irati, no interior do Paraná. Apaixonada pela leitura desde criança e com o incentivo de pais professores, Eva foi a primeira de seus irmãos a cursar uma faculdade. A decisão pelo curso de Biblioteconomia veio do primeiro trabalho dela, na biblioteca da antiga Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Irati que, hoje, é um dos campi da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). Na época, Eva percebeu que, além de ler livros, gostava de organizá-los e ajudar outras pessoas a estudar e a pesquisar. “Identifiquei o quanto gostava de estar envolvida e em contato com as pessoas”, relembra.

Em 1990, o diploma veio. Formada em Biblioteconomia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), Eva trabalhou nas bibliotecas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e do Instituto Federal do Paraná (IFPR), até chegar na UTFPR, onde decidiu ficar desde então. Para Eva, as bibliotecas universitárias precisam conversar com a contemporaneidade, sendo espaços vivos, de trocas e acessíveis para todos os públicos, além de conectadas com as transformações tecnológicas da sociedade. Confira a seguir a entrevista completa com Eva. 

 

Para você, qual o papel da biblioteca em uma universidade?

Bibliotecas são espaços físicos adaptáveis e que estão em condições de transformação permanente para poder se adequar às necessidades dos seus usuários e cumprir com o seu papel enquanto portadores de conhecimento, principalmente na modernidade. Não se pode pensar numa biblioteca universitária com restrições que aconteciam em séculos passados. Há que se abolir determinados comportamentos como o silêncio total, as estantes de madeira e escuras, apenas livros impressos, o não arrastar uma cadeira entre outros. Há sim ainda, a necessidade de respeitar o colega, cumprir prazos e outros itens de regulamentos. As novas bibliotecas, e entre elas as universitárias, podem ser coloridas, proporcionar eventos, promover e oportunizar a troca entre culturas. Deve ter espaço acessível aos seus usuários e suas peculiaridades.

 

Qual o papel da biblioteca do campus Curitiba na rotina dos servidores e dos alunos?

A biblioteca na universidade é, ainda hoje, uma estrutura física localizada em algum ponto da instituição que comporta acervo físico, áreas de estudo e outros espaços, mas principalmente conhecimento e pessoas. Esse espaço existe e deve ser usado por todos.

 

Houve um aumento considerável no consumo de livros digitais. Como a biblioteca se insere nesse contexto? Como a biblioteca do campus tem procurado se alinhar com essa realidade?

As bibliotecas, como organismos vivos, sempre se apropriaram das novas tecnologias para a promoção de seus serviços e a disponibilização de novos. Isso não foi diferente com o surgimento de livros em formato digital, o que mostra que as bibliotecas estão conectadas com a realidade e com as necessidades de suas comunidades. Os livros impressos talvez jamais deixem de existir. 

A modernidade oportunizou o acesso a outras formas de obter conhecimento. Os e-books e outros documentos (como artigos, por exemplo) são abastecidos em nosso sistema através de compras e assinaturas, ou disponíveis em acesso gratuito na web. Há uma diversificação de assuntos que possibilitam tanto a leitura científica quanto a literária.

O processo de transformação digital nas bibliotecas na UTFPR teve início com a implementação do Portal de Periódicos da Capes, em 2000. Posteriormente, o Campus Curitiba iniciou a assinatura e aquisição de bases de dados e normas técnicas, como a Target GedWeb, IEEE Xplore (livros eletrônicos publicados pela MIT Press e pelo IEEE). Devido ao seu impacto na comunidade acadêmica, a Reitoria assumiu esse papel e tem mantido assinaturas como Ebsco Academic Collection, Ebsco Dicovery Service – EDS (BiblioTec), Ebrary Academic Complete Dash, a plataforma Science Direct E-volution e a Minha Biblioteca. Essas plataformas estão disponíveis 24 horas por dia e podem ser acessadas pelos usuários previamente cadastrados na Instituição.

 

Outra mudança no ambiente universitário foi o crescimento expressivo de mulheres ocupando esse espaço. Qual a importância de ser uma mulher dentro de um ambiente acadêmico?

É notório o número de mulheres estudando e atuando na Universidade. Que bom que é assim. Na minha trajetória de vida, eu conto que meus pais eram professores e, agora, me coloco a questionar. Meu pai era a única figura masculina a dar aulas na escola em que trabalhava, porque todo o restante do quadro de professores era composto por mulheres. Depois, na cidade, quando estudei já percebia mais homens dando aulas, porém no setor de educação as mulheres ainda eram em número superior. Quando houve a equalização desse quadro? Quando os homens começaram a perceber que não precisavam ser executivos, industriais, caminhoneiros, comerciantes, metalúrgicos e que poderiam ser mestres e doutores em educação? Por que homens e mulheres brigam tanto por posição profissional, quando existe espaço e oportunidade para todos? Eu concebo a ideia de que homens e mulheres devem traçar seus caminhos e que podem exercer suas funções profissionais e, com isso, realizar seus sonhos naquilo que têm maior aptidão.

 

Além de mulher, você também ocupa um espaço de liderança e isso é muito importante. Como você enxerga essa conquista? Você tem algum conselho para outras meninas e mulheres?

Ocupar cargo de liderança traz a necessidade de reconhecer que os seus comandados são pessoas diferentes umas das outras, que as coisas não são 8 ou 80, mas uma carreira de números entre eles, que cada um pode desenvolver uma mesma atividade, mas de maneiras diferentes e num tempo diferente. Eu aprendo todos os dias. Tem horas que posso dizer sim, mas também tem momentos em que a resposta é não. É arcar com as responsabilidades, reconhecer erros, pedir ajuda quando preciso. Mas, o mais importante, no meu ponto de enxergar é estar de cabeça erguida, pronta para trocar de lugar e entender, ter domínio e consciência do lugar que se ocupa e pelo qual se responde.


Você pode dar alguns exemplos de ações da biblioteca do campus para incentivo da leitura?

São diversas as formas de incentivo à leitura. Temos aquelas pessoas que nascem com uma vontade imensa de ler e o fazem, mas também aqueles que precisam de incentivo para sempre. Temos três bibliotecas no Campus Curitiba da UTFPR com perfis de alunos completamente diferentes. Quando pensamos em uma atividade que será realizada, tentamos fazer igual, mas nunca conseguimos um resultado equivalente. Promovemos eventos como lives, palestras, encontros, oficinas de caráter de formação acadêmica e que deveriam ser de interesse de todos, mas nem sempre isso acontece. Continuamos buscando a participação da maioria!

Também procuramos elaborar algumas atividades para a participação ativa da comunidade, como bibliocharadas; troca de livros usados; montagem de quebra-cabeça; que livro é esse (quiz literário); escolha um livro às cegas (livros são embrulhados com um pequeno resumo); exposição dos livros que viraram filme; e outras.

 

Pode recomendar um livro, por favor?

Sou bem eclética para leitura. Meu autor de paixão é o Pedro Bandeira, procurem conhecê-lo, ele escreve para todas as faixas etárias. Também recomendo “David Copperfield”, autobiografia de Charles Dickens, a Bíblia Sagrada e todos os livros do autor Dan Brown que me instigam através da leitura a conhecer e pesquisar o mundo (“O Código da Vinci”, “Anjos e Demônios”, “O Ponto de Impacto”, “Fortaleza Digital”, “Inferno”, “Origens”).