Notícias
Paciente com implante cerebral visita aula da Engenharia Eletrônica
EXTENSÃO
Equipe do Projeto Estímulo (à esq.): profa Kátia Prus, Stephanie Alves, Camila Fao, Stefanny Gomes, Caroline Hamsink em visita à turma da Engenharia Eletrônica; Denise Stresser, paciente com implante cerebral (penúltima à direita); e Robinson Vida Noronha, professor dessa disciplina de Eletrônica (ponta direita). (Foto: Projeto Estímulo).
Estudantes de Introdução à Engenharia Eletrônica receberam a visita de uma pessoa que faz uso de implante cerebral, no encerramento da disciplina. Denise Stresser, é paciente com doença de Parkinson e colaboradora do Projeto Estímulo, um projeto de extensão coordenado por Kátia Prus, professora do Departamento Acadêmico de Física (DAFIS), criado para conscientizar a população sobre a doença. A professora e extensionistas do Estímulo também participaram.
"Denise tem muitas informações, já participou de outros eventos do Estímulo. Os estudantes fizeram várias perguntas e, sendo alunos da Eletrônica, uma área de conhecimento estreitamente relacionada ao estimulador (nome técnico do implante), deram até algumas sugestões a respeito do aparelho", contou Kátia.
A disciplina do curso de Engenharia Eletrônica faz parte do currículo do primeiro período e é ministrada pelo professor Robinson Vida Noronha, colaborador do Estímulo. "Um dos objetivos dessa disciplina é dar 'boas-vindas' aos estudantes do curso. Busca-se que eles tenham uma visão da diversidade de ações e projetos que a universidade possui e romper a imagem que alguns alunos têm de que a universidade é um local onde apenas se assiste aula e obtém-se um diploma", revela o professor. Já do lado do Estímulo, "a ideia foi que os estudantes conhecessem o projeto e que pudesse até surgir o interesse de participar dele", explica Kátia.
Resultados e novos projetos
Realizada na modalidade "roda de conversa" com a paciente e o pessoal do Estímulo, a aula chamou a atenção dos estudantes de Eletrônica. "Os alunos mostraram bastante interesse no tema e fizeram várias perguntas", contou o professor. Ele ainda destacou que a visita escolhida por alguns como tema do relatório final da disciplina.
Professora Kátia Prus, coordenadora do projeto de extensão Estímulo, apresentando aos estudantes o Projeto (Foto: Projeto Estímulo).
"Eu vi um estimulador pela primeira vez em 2017; depois da pandemia houve uma expansão", relata a professora Kátia Prus. "É uma área ainda nova no Brasil, mas no exterior já existe há uns 20 anos, e não são usados apenas para doença de Parkinson". Ela ainda informa que, devido ao interesse de diversos alunos na área, o Projeto Estímulo, em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR) e neurocirurgiões, iniciará uma pesquisa sobre estimuladores.
Uma pessoa, uma história, um DBS
Denise Stresser, dentista, tem 64 anos e recebeu o diagnóstico de doença de Parkinson aos 52, motivado pelos sintomas motores. "Não existe um exame que diga que a pessoa tem Parkinson, então você faz vários exames pra descobrir o que você não tem. O diagnóstico é clínico e baseado na resposta à medicação", contou.
Denise Stresser, paciente com doença de Parkinson, conta aos alunos da disciplina Introdução à Engenharia Eletrônica, sua experiência usando um implante cerebral (Foto: Projeto Estímulo).
Com o tempo, a medicação pode perder a eficácia em algum nível, o que aconteceu no caso de Denise e, já que ela era elegível para uso do implante, o neurologista indicou a cirurgia. O paciente tem que ter funções cognitivas relativamente bem preservadas para poder implantar.
A implantação do estimulador de tipo DBS (deep brain stimulation) é feita em uma cirurgia em que se inserem dois eletrodos nos dois lados da cabeça, através de furos no crânio, conforme ela contou. O paciente tem que estar acordado, porque é necessário executar alguns movimentos para que o cirurgião saiba que o eletrodo está no lugar certo. "Os fios são passados pelo pescoço até uma bateria que é fixada na base da clavícula, tipo um parcapasso", relata Denise.
No pós-operatório, um outro procedimento começa, que é a calibragem do estimulador, realizada pelo médico a partir das respostas do paciente a estímulos. Com o implante bem-sucedido, Denise reduziu a medicação e houve melhora dos sintomas. "Estou bem. Tenho um controle remoto para regular dentro de certa faixa de estímulo para manter o bem-estar. Tem que continuar acompanhando com o médico, e conforme a necessidade, ele faz uma nova programação pro estimulador", conclui a dentista.