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Pesquisa alerta para o perigo da exposição e aplicação de agrotóxicos aos agricultores
publicado: 15/05/2019 15h05 última modificação: 11/01/2023 16h01

Quando lemos notícias sobre o perigo dos agrotóxicos, sempre pensamos na população que vive próximo às regiões agrícolas. Esquecemos dos agricultores que mantem contato direto com as substâncias. Estes trabalhadores estão diariamente em contato com pesticidas químicos e, muitas vezes, por vários anos.

Uma pesquisa desenvolvida pelo Câmpus Dois Vizinhos da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) constatou que agricultores que trabalham com aplicação rotineira de agrotóxicos (inseticidas, fungicidas e herbicidas) têm maior quantidade de danos em seu DNA, quando comparados a trabalhadores de outras áreas. A pesquisa, realizada pela bióloga Ana Flavia Marcelino e pela professora Nédia de Castilhos Ghisi, coletou amostras de células de sangue e mucosa oral de voluntários de dois grupos distintos de trabalhadores: agricultores e não agricultores. As células foram analisadas por técnicas laboratoriais para avaliação de danos ao material genético.

Constatado o maior índice de danos nos agricultores, as pesquisadoras promoveram uma ação de conscientização com os participantes do projeto, informando-os dos resultados e alertando sobre os riscos.

As lesões ao material genético (DNA) podem ser provocadas por diversas substâncias que convivemos, dentre elas os agrotóxicos. Os danos podem ocorrer naturalmente e tendem a ser reparados pelas próprias células do corpo. Porém, quando a exposição a agentes frequente, pode haver dificuldades nos sistemas de reparo, levando ao acúmulo destes danos no DNA. No caso dos agricultores, estes relataram realizar dez ou mais aplicações de pesticidas por ano.

O principal risco deste tipo de dano é que ele quebra o DNA, afetando a reprodução das células, prejudicando o funcionamento de alguns genes e, com isso, eleva-se o risco de formação e desenvolvimento de tumores.

A orientação das pesquisadoras também destacou a importância do uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI) para proteger o agricultor do contato direto com o agrotóxico. “Ele deve, obrigatoriamente, ser utilizado ao manipular ou aplicar qualquer quantidade destes produtos”, explica a professora.

 

“Os resultados alertam que todos estão em perigo com o uso excessivo de agrotóxicos, e os responsáveis por alimentar nosso país, os agricultores, acabam sendo as maiores vítimas”, finaliza a pesquisadora Ana Flavia.

 

Os resultados da pesquisa já foram divulgados em eventos científicos e publicado no Jornal Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública (International Journal of Environmental Research and Public Health), com o artigo intitulado “Os nossos agricultores estão em Perigo? Danos genéticos em agricultores expostos a pesticidas” (“Are Our FarmWorkers in Danger? Genetic Damage in Farmers Exposed to Pesticides”).