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Pesquisadores criam túnel de desinfecção com tecnologia 100% nacional

Covid-19

publicado: 04/08/2020 11h12 última modificação: 31/10/2022 10h13
Exibir carrossel de imagens Equipe na frente do túnel | Foto: Divulgação

Equipe na frente do túnel | Foto: Divulgação

Já imaginou passar por um túnel e, em apenas 30 segundos, eliminar ou reduzir a presença de vírus e bactérias nos cabelos e nas roupas? Esta foi a solução desenvolvida por pesquisadores do Câmpus Curitiba da UTFPR diante da pandemia da Covid-19.

A estrutura foi pensada para implementação prática em entradas e saídas de empresas, indústrias e instituições e até em pontos de ônibus. “A tecnologia é 100% nacional e não depende da importação de insumos. Isso permite a continuidade da produção, a um custo muito mais baixo”, afirma o coordenador do projeto, Rubens Alexandre de Faria.

O túnel tem a função de desinfecção coletiva por meio do uso do ozônio para evitar o contágio da doença. Como o ozônio não pode ser armazenado, ele é gerado pelo equipamento em tempo real e depois insuflado em água. Desta forma, a substância toma a forma de uma névoa de vapor ozonizado, capaz de quebrar a capa de gordura do material genético do vírus (RNA).

A descontaminação promovida pelo gás ozônio seria equivalente a de um produto sanitizante. A diferença é que, neste modelo, o ozônio não arrisca as condições de saúde do público e nem do meio ambiente, desde que a dosagem e a forma de aplicação estejam adequadas. “Em uma certa concentração, o ozônio líquido é atópico e atóxico, evitando reações nas vias respiratórias, na pele ou em mucosas”, conta.

O pesquisador relata que não foi uma tarefa simples chegar na fórmula ideal. “É um trabalho criterioso e bastante técnico para controle do grau de concentração e de exposição e para lidar com a instabilidade do gás seco. É como um medicamento. Se não for feito da maneira correta, pode ser tóxico ou não funcionar, tornando-se um placebo”, explica.

Para encontrar o modo seguro de utilização do ozônio, o grupo criou um protótipo e realizou vários testes em laboratório, visando cumprir as regras da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e as normas trabalhistas.
Para viabilizar a prova do conceito técnico, a proposta recebeu o valor de R$250 mil da Federação de Indústrias (Fiep). O recurso foi concedido por meio da articulação com o Ministério da Defesa, que tem interesse em implementar a estrutura em fronteiras terrestres, portos e aeroportos. A UTFPR também investiu cerca de R$219 mil para possibilitar o avanço do estudo.

Foram quatro meses desde o início das atividades até a implementação final da prova de conceito. Finalizada essa etapa, os pesquisadores elaboram o relatório para apresentar os números dos resultados laboratoriais à Fiep.

A iniciativa envolveu a participação de docentes, alunos e egressos das áreas de biologia, design, física, química e das engenharias elétrica, eletrônica, mecânica, mecatrônica e de computação. “Temos uma equipe multidisciplinar. Cada um teve uma atribuição distinta para resolver várias questões, como alta tensão, ergonomia, estrutura, materiais, identidade visual e ensaios biológicos”, detalha. Faria ressalta que a solução só foi possível por meio da atuação de profissionais com diferentes expertises. “A conversa entre as áreas tem permitido a criação de vários projetos científicos como este”.

Para o professor, os projetos são um meio de cumprir o papel da UTFPR. “A universidade tem tem que atender as demandas da população. Enquanto servidores públicos, é importante podermos contribuir nesta situação de pandemia”, conclui.