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Documento aponta os riscos e oportunidades de tomadas de decisão para o ecossistema

Biodiversidade

publicado: 27/11/2018 12h47 última modificação: 28/11/2018 08h35

Um grupo de trabalho formado por cientistas brasileiros e internacionais faz avaliações de biodiversidade e serviços ecossistêmicos espalhados pelo mundo. Eles compõem a Plataforma Intergovernamental de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES), uma irmã-gêmea da Plataforma Intergovernamental de Mudanças Climáticas, mais conhecida como IPCC. A IPBES é responsável pelo Sumário para Tomadores de Decisão (SPM) dos Diagnósticos sobre a Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos para as Américas, África, Europa e Ásia, todos publicados no primeiro semestre deste ano.

Indicada pelo Itamaraty, uma das integrantes é a professora do Câmpus Curitiba da UTFPR, Tatiana Gadda. Junto a pesquisadores de outras partes do mundo, ela trabalhou, nos últimos quatro anos, em um processo da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre plataformas intergovernamentais, com o objetivo de disponibilizar o melhor conhecimento aos tomadores de decisão dos países vinculados à ONU sobre o estado atual, as tendências, os cenários futuros e as alternativas de governança para a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos nas Américas e sua relação com o bem-estar humano nesta região do globo.

Além das pesquisas internacionais, a professora faz parte do grupo responsável pelo lançamento da Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES) que, neste mês de novembro, publicou, o “Sumário para Tomadores de Decisão” do “1º Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos”. O objetivo dos pesquisadores é aproximar a ciência dos protagonistas reconhecidos como “tomadores de decisão” do País.

Segundo o documento, a perda da biodiversidade no Brasil, dependendo das trajetórias adotadas pelos governantes, até 2050, corre o risco de ficar entre 20 e 25% com referência ao ano de 1970. Os principais responsáveis, segundo os pesquisadores, são as mudanças no uso da terra e no clima.

“Ao longo deste século, os modelos indicam que a progressiva intensificação das mudanças climáticas acentuará a tendência atual de perda de biodiversidade e serviços ecossistêmicos. A restauração da vegetação nativa é uma estratégia reconhecidamente importante para mitigação da perda de biodiversidade e recomposição do ecossistema”, explica a pesquisadora da UTFPR.

A pesquisa também destaca que expansão urbana, poluição, e mudanças climáticas impactarão na biodiversidade das águas continentais e zonas costeiras nas diversas regiões brasileiras.

O Sumário para Tomadores de Decisão do Primeiro Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos revela que a conservação e o uso sustentável dos ativos ambientais do país devem ser elementos centrais, transversais e estratégicos no projeto nacional de desenvolvimento socioeconômico. A publicação traz, ainda, que as pressões globais e nacionais atuais, nos campos social, econômico e ambiental, são inúmeras e crescentes e o modelo de desenvolvimento vigente está prescrevendo.

“É preciso um novo modelo que incorpore os desafios de um planeta em rápida transformação socioambiental e climática. Com o auxílio de cenário futuros e da modelagem, temos condições de enxergar hoje qual a trajetória provável para uma determinada política. O Diagnóstico faz exatamente isto, consegue mostrar, através dos estudos de futuro e de tendências, quais os riscos e oportunidades para o Brasil”, destaca a professora.

O primeiro Diagnóstico Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos compilou os estudos de conhecimentos da temática, ao longo dos últimos 10 anos. Após a análise de todos os resultados de estudos realizados sobre o assunto, os cientistas passaram a ter uma base sólida para subsidiar o aperfeiçoamento de políticas públicas e privadas e indicar caminhos e opções possíveis, para que a trajetória de perda contínua de biodiversidade possa ser revertida.

“Que o Diagnóstico possa servir de base para os tomadores de decisão tanto no governo quanto na iniciativa privada. Que estes tomadores de decisão não desperdicem a janela de tempo ainda aberta para que o Brasil, através da sua riqueza socioambiental, possa ser uma nação mais justa e ao mesmo tempo continue cumprindo seu papel para assegurar o bem-estar humano dentro e fora de suas fronteiras”, finaliza a pesquisadora Tatiana Gadda.