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Pesquisa alerta para a qualidade do ar em cooperativas

Risco à saúde

publicado: 19/10/2020 22h22 última modificação: 31/10/2022 09h17
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Amostras eram colhidas dentro e fora da cooperativa

Por dois anos pesquisadores do Câmpus Londrina fizeram o monitoramento da qualidade do ar em cooperativas de resíduos recicláveis. O resultado foi publicado na revista científica internacional Scientific Reports com o titulo “Avaliação de partículas transportadas pelo ar e concentrações de bioaerossóis em um ambiente de reciclagem de resíduos no Brasil”.

As medições de concentração de massa de partículas, bactérias e fungos foram realizadas nos ambientes externos e internos de uma cooperativa que atende cerca de 40% das residências da cidade de Londrina, durante os dias úteis de inverno e primavera de 2017 e verão de 2019. Os resultados mostraram uma condição crítica da qualidade do ar interno, o que pode causar graves problemas de saúde aos trabalhadores envolvidos nas atividades.

No Brasil, existem normas regulamentadoras de segurança e saúde ocupacional de acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que estabelece atividades ou operações insalubres com base em limites de tolerância à exposição ao calor, frio, ruído, umidade, radiação não ionizante, agentes químicos e biológicos, entre outros. No entanto, não há diretrizes quantitativas para partículas (apenas para poeira mineral, como amianto, manganês e seus compostos e sílica cristalina). Portanto, utilizou-se o valor máximo recomendado (MRV) de 80 µg m −3 para o total de aerossóis no ar interno. As concentrações obtidas foram até quatro, dez e onze vezes maiores do que o MRV no inverno, primavera e verão, respectivamente, considerando todos os quatro tamanhos de partículas amostrados em ambientes fechados.

Os valores medidos indicam que os trabalhadores deveriam usar máscaras para atenuar sua exposição às partículas transportadas pelo ar, porém, o uso de equipamentos de proteção inadequados ou de forma incorreta, foi uma realidade comum observada in loco durante nossas medições.

A pesquisa foi desenvolvida pela doutoranda Caroline Fernanda Hei Wikuats (IAG – Universidade de São Paulo), que iniciou os estudos ainda no seu mestrado no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA-UTFPR) com as professoras Kátia Valéria Marques Cardoso Prates e Leila Droprinchinski Martins. O artigo também é assinado pelos pesquisadores Eduardo Henrique Duarte , Laura Lahr Lourenço Janiaski , Bárbara de Oliveira Gabriel  e Alex da Cunha Molina.

A professora Leila Martins destaca que esses locais de trabalho preconizam a necessidade da existência de mapas de riscos, bem como um suporte mais efetivo do estado e da iniciativa privada no que tange a implementação de ações que favoreceram a melhoria das condições de trabalho e da infraestrutura operacional nesses ambientes.

No inicio das pesquisas, a pesquisadora Caroline explicava que os materiais reciclados nem sempre são enxaguados em casa pela população, por isso, chegam às cooperativas e podem ficar por meses até serem segregados, gerando bactérias e fungos. “Eles acabam sendo liberados em forma de aerossol quando são manuseados, ou seja, quando os cooperados abrem os sacos para separar os resíduos, por exemplo", completa.