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Pesquisador está no projeto de "super" telescópio de partículas cósmicas
Campus Medianeira
Imagem do observatório a ser instalado com os equipamentos (Foto: Divulgação)
A construção de um “super telescópio” fará com que o projeto se transforme no primeiro observatório a detectar partículas cósmicas com energia entre 20 GeV e 300 TeV (raios gama - tipo de radiação eletromagnética de alta frequência e muito energética). A expectativa é de que o Cherenkov Telescope Array (CTA) alcance, dentro de cinco anos, dez vezes mais sensitividade e precisão do que os experimentos atualmente em operação. O trabalho está sendo feito por de uma rede de pesquisadores da área da astronomia do mundo todo e terá cerca de 100 telescópios do tipo Cherenkov distribuídos em dois sítios, um no Cerro Paranal, no Chile, e outro em La Palma, nas Ilhas Canárias, da Espanha.
No Paraná foi formada a rede de pesquisadores do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Fenômenos Extremos do Universo, lançado em setembro do ano passado. Com o apoio da Fundação Araucária (FA) e da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), o objetivo é participar da construção de equipamentos que formarão o grande telescópio. O projeto teve início com o aporte de R$ 1,053 milhão em investimentos do governo estadual.
Segundo o pesquisador do Campus Medianeira e coordenador do NAPI, Jaziel Goulart Coelho, o Cherenkov Telescope Array (CTA) será o mais importante experimento em astrofísica de partículas a operar nas próximas quatro décadas. Juntamente com a professora Rita de Cássia dos Anjos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), a equipe paranaense está envolvida na construção dos telescópios de tamanho médio (MST) e que serão acoplados ao projeto final.
“O CTA tem o potencial de produzir mudanças de paradigmas sobre temas envolvendo o universo e física fundamental, garantindo a participação dos pesquisadores e estudantes das instituições paranaenses nas grandes descobertas científicas”, explica Jaziel.
Como será o projeto no Paraná?
Cada parte do telescópio foi projetada por uma instituição diferente no CTA e a integração e coordenação são feitas por uma equipe de engenheiros em DESY-Zeuthen, Berlim, Alemanha. Em 2011, o Brasil teve a tarefa de projetar e construir a estrutura de suporte da câmera (CSS).
A equipe de Berlim escolheu o design do CSS projetado no Brasil como o que melhor atenderia as solicitações dos telescópios do MST e saiu vitoriosa de uma competição com a França. Ao todo, o país tem o desafio de entregar 25 estruturas para o CTA, uma delas construída pelo grupo paranaense.
Por enquanto, além da inserção internacional com o CTA, o NAPI conta com a participação de pesquisadores da UTFPR, UFPR, Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila). Da UTFPR, participam professores dos campi Medianeira, Guarapuava e Curitiba: Jaziel Coelho, Felipe Braga Ribas, Rubens Eduardo Garcia Machado, Antônio Carlos Amaro de Faria Júnior, Andre Fabiano Steklain e Alexandre José Tuoto Silveira Mello.
Para este ano, a equipe paranaense fará a contratação de mais dois pesquisadores de pós-doutorado para trabalharem nas frentes de pesquisa, além dos trabalhos da construção da estrutura que suportará a câmera.
CSS
O CSS não é uma estrutura mecânica simples, pois ele será o suporte para um dispositivo óptico. As características mecânicas, térmicas e vibracionais devem ser bem controladas para garantir a estabilidade da imagem a ser captada pelo telescópio.
A estrutura terá cerca de 16 metros e o dispositivo ajustará a posição da câmera (2,5 toneladas) em três eixos para posicioná-la com precisão da ordem dos milímetros. Toda a estrutura do telescópio médio pesará cerca de 60 toneladas.
Segundo o professor Jaziel Coelho, é provável que a estrutura a ser construída no Paraná seja instalada em La Palma, nas Ilhas Canárias.