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Publicação Internacional
A excessiva exposição ocupacional de trabalhadores em Cooperativas de resíduos recicláveis tornou-se um problema alarmante para a saúde desta classe trabalhadora. Uma pesquisa que acaba de ser publicada na Revista Scientific Reports intitulada “Assessment of airborne particles and bioaerosols concentrations in a waste recycling environment in Brazil”, apresenta um estudo de caso que versa exatamente sobre esta situação.
A pesquisa desenvolvida pela doutoranda Caroline Fernanda Hei Wikuats (IAG – Universidade de São Paulo), que também é egressa do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental (PPGEA – UTFPR Londrina/Apucarana), em parceria com as professoras Kátia Valéria Marques Cardoso Prates e Leila Droprinchinski Martins, realizou uma avaliação do comprometimento da qualidade do ar em uma cooperativa de resíduos recicláveis que atende cerca de 40% das residências da cidade de Londrina.
A coleta de dados, que durou cerca de dois anos dentro do barracão de processamento de resíduos sólidos da cooperativa em questão, foi feita durante os períodos de trabalho do verão e primavera de 2017 e se estendeu até o verão do ano de 2019. Na ocasião, as pesquisadoras avaliaram as concentrações em massa (MP1,0, MP2,5, MP4,0, MP10) e número (NP0,3, NP0,5, NP1,0, NP2,5), bactérias e fungos.
Os resultados da pesquisa evidenciam uma forte contaminação com média de 475,5 ± 563,7 µg m−3 para MP10, 1.088,8 ± 825,2 unidades formadoras de colônia/m3 (UFC/m3) para bactérias e 2.738,3 ± 1.381,3 UFC m−3 para fungos. No geral, os resultados indicam uma situação crítica de qualidade do ar interna pelas atividades ali realizadas e a infraestrutura do local (sem janelas e sem troca de ar adequada, dentre outras) e que pode causar vários riscos à saúde dos trabalhadores.
Martins destaca que esses locais de trabalho preconizam a necessidade da existência de mapas de riscos, bem como urgem por um suporte mais efetivo do estado e da iniciativa privada no que tange a implementação de ações que favoreceram a melhoria das condições de trabalho e da infraestrutura operacional nesses ambientes. No que diz respeito a legislação vigente no Brasil em relação as condições sanitárias e de saúde ocupacional deste setor, a pesquisadora ressalta que a mesma é muito vaga (dada pela NR15), sem a existência de limites estabelecidos para a exposição aos bioaerossóis e partículas em suspensão.