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Dia da Consciência Negra

Texto do professor Sidinei Eduardo Batista para reflexão
publicado: 21/11/2022 09h52 última modificação: 21/11/2022 09h52
Dia da Consciência Negra

Dia da Consciência Negra

CARTA AOS MEUS IRMÃOS ÀS MINHAS IRMÃS –

AOS FILHOS DE MAMÃE ÁFRICA

(Leiam ouvindo Jorge Ben cantar, bem alto, Zumbi...

https://youtu.be/qFoOgKONIHY)

Pato Branco - PR, 20 de novembro de 2022

 

Prezados irmãos e prezadas irmãs, saudações!

É com muito orgulho que eu traço essas linhas que se seguem...

Hoje, eu – um de nós – tenho a oportunidade de lembrar que a Lei nº 12.519 de novembro de 2011 instituiu, no calendário nacional brasileiro, o dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra. A data também se dirige à comemoração ao Dia Nacional de Zumbi dos Palmares.

Essa data, irmãos e irmãs, assim como tudo o que conquistamos em terras tupiniquins, nos veio como o resultado das lutas empreendidas pelos movimentos negros brasileiros ao longo de muitas décadas, e essas lutas descendem de lutas de séculos... Lutas iniciadas desde que os primeiros de nós, contra nossa vontade, aportamos por aqui.

Pesando os pesares, e apesar de tudo... É com orgulho que reflito sobre a nossa História nessa terra, que se ainda não é nossa por completo, como deveria ser a todos os brasileiros e a todas as brasileiras, mas penso na nossa História, que é História com H maiúsculo, pois a nossa História é de Resistência. História de Resiliência. De Sobrevivência...

Apesar de todas as adversidades, que não cabem nesse breve texto... Apesar de todos os reveses que enfrentamos desde a nossa chegada no Brasil: somos forjados pela força que corre em nossas veias. A mesma força corria nas veias e movia os braços dos nossos antepassados que ajudaram a construir esse país que é gigante, e – um dia – esperamos que nos caibam a todos nós com dignidade.

Assim, irmãos e irmãs, lembro com orgulho a importância do dia 20 de novembro para nós, pois, esse dia, é o dia que remete a uma das maiores conquistas para nós, afro-brasileiros, que às vezes passa despercebido por quem sempre foi livre: a conquista do direito de falar por nós mesmos.

Então, em 20 de novembro, quero lembrar de Zumbi, que foi assassinado pela ousadia de querer ser livre... Nesse dia, então, quero louvar a nossa liberdade, mas não aquela assinada por D. Isabel em 13 de maio. Queremos uma liberdade plena, com direitos iguais a todos os outros povos que vivem nesse país. Isso significa inclusão social, cultural, humana...

Por isso, louvemos 20 de novembro, pois fomos, somos e seremos muitos Zumbis dos Palmares... Isso significa que a nossa “Consciência Negra” sabe de tudo o que representamos de para essa “rica nação”, significa que conhecemos o nosso passado doloroso e que deseja um futuro melhor, justo, para todos nós.

É por sonhar com o futuro que deve começar hoje, que lembro e invoco a memória de Zumbi dos Palmares, Dandara dos Palmares, e de todas as vezes que eles apareceram. Assim sendo,:

Salve Zumbi!!

Salve,

Jorge Ben, Cruz e Sousa, Machado de Assis, Maria Firmina dos Reis, Luís Gama, Aleijadinho, Joaquim Pinto de Oliveira, Miltom Santos, Clóvis Moura, Edison Carneiro, Guerreiro Ramos, Leci Brandão, Abdias do Nascimento, Oswaldo de Carmargo, Lélia Gonzalez e Beatriz do Nascimento...

Salve,

Conceição Evaristo, Emicida, Elza Soares, Carolina Maria de Jesus, Djamila Ribeiro, Mãe Menininha do Gantois, Pixinguinha, Cartola, Martinho da Vila, Gilberto Gil, Grande Otelo, Marilene Felinto, Benedita da Silva, Sueli Carneiro, Milton Nascimento...

Que Zambi salve a todos nós, os filhos de Mãe África e herdeiros de Zumbi!!

Oxalá, em breve, mais de nós estejam no mesmo de lugar que os nossos ancestrais me trouxeram... E que possamos contar por nós a nossa História!

 

Sidinei Eduardo Batista

Professor de Literatura do DALET-PB