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Trabalho da UTFPR-PB premiado no SEI estabelece diálogo com benzedeiras de Pato Branco para identificar relações com plantas medicinais e formas terapêuticas de cuidado e saúde
publicado: 19/12/2023 15h04 última modificação: 19/12/2023 16h16

O projeto de extensão O Tecer de Saberes e Práticas de Saúde: as relações entre benzedeiras e plantas medicinais no município de Pato Branco, apresentado pela bolsista de extensão Thais Cristina Kreuzberg no XIII Seminário de Extensão e Inovação (SEI), que aconteceu entre os dias 20 a 23 de novembro de 2023, na UTFPR Campus Ponta Grossa, recebeu a premiação de melhor trabalho na área temática da Cultura.

Sob coordenação e vice-coordenação das professoras Josiane Carine Wedig e Marlize Rubin Oliveira, respectivamente, vinculadas ao Departamento de Ciências Humanas (DAHUM) e ao Programa de Pós-graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR), o projeto, contemplado com bolsa de extensão pela Fundação Araucária, no Edital da UTFPR PROREC 02/2022, foi desenvolvido pela bolsista Thais Cristina Kreuzberg, do Curso de Agronomia, com a participação da doutoranda Luana Santos dos Santos, do PPGDR, bem como das benzedeiras e benzedores locais.

O objetivo do projeto foi estabelecer um diálogo com benzedeiras e benzedores de Pato Branco, visando conhecer as relações que estabelecem com as plantas medicinais em seus quintais, roçados e florestas. O foco estava em observar as práticas terapêuticas, procedimentos e ações técnicas expressas nos cuidados de saúde e, assim, identificar os saberes e práticas ancestrais de saúde que essas pessoas detêm e que são repassados entre as gerações.

Esses conhecimentos, mesmo sendo pouco reconhecidos nas formas hegemônicas de saber, pois têm sofrido, nas últimas décadas, processos de subalternizações e preconceitos, contribuem para o cuidado da saúde das populações locais, além de colaborar com a conservação ambiental, ligada, principalmente, ao uso de inúmeras plantas medicinais. Frente a tais questões, o projeto de extensão buscou construir aproximações desses conhecimentos com o meio acadêmico, possibilitando ampliar a compreensão das formas terapêuticas de cuidado e saúde.

Ao longo da pesquisa, foram mapeados 15 benzedeiras e benzedores no município. Dentre esses, foram entrevistadas sete mulheres, com idades entre 60 e 95 anos. Todas migraram do estado do Rio Grande do Sul para o Paraná, seus conhecimentos foram adquiridos das gerações anteriores, transmitidos oralmente e por observação geralmente pelas suas mães, avós e, em alguns casos, por meio de curso da Pastoral da Saúde, ligada à Igreja Católica. O estudo revelou que, para benzimentos, a arruda (Ruta graveolens) é a planta mais utilizada, enquanto a guanxuma (Sida rhombifolia) e o picão preto (Bidens pilosa) são empregados na elaboração de remédios.

No entanto, a pesquisa também apontou os desafios enfrentados, pois essas plantas, consideradas daninhas, estão cada vez mais escassas devido à aplicação de agrotóxicos na região. O aumento do uso de herbicidas no município, para o controle das plantas consideradas invasoras nas monoculturas agrícolas, impacta diretamente a disponibilidade dessas plantas, comprometendo as práticas terapêuticas dos benzedores.

A relevância e impacto do projeto foram compartilhados durante o XIII Seminário de Extensão e Inovação (SEI) e XXVIII Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica (SICITE) da UTFPR, cujo tema central era Ciência e Tecnologia na era da inteligência artificial: desdobramentos no ensino, pesquisa e extensão. A premiação recebida ressalta não apenas sua importância acadêmica, mas também seu papel vital na preservação e valorização dos saberes tradicionais de saúde e biodiversidade em Pato Branco. Seus resultados podem auxiliar com políticas públicas locais de desenvolvimento sustentável, solidificando seu impacto positivo na comunidade local.

A continuidade do projeto está assegurada para o próximo ano, alinhada à pesquisa de Luana Santos dos Santos para sua tese Relações Entre Benzedeiras e Plantas Medicinais nos Ofícios Tradicionais de Saúde. Além disso, o trabalho integra o Grupo de Pesquisa do CNPq/UTFPR Gênero, Juventude e Cartografias da Diferença (Artemis), coordenado pela professora Josiane Wedig. O projeto também colabora com o grupo de estudos Práticas Populares de Cura e Plantas Medicinais, constituído pela professora Patrícia Fernandes, do curso de Engenharia Florestal da UTFPR Campus Dois Vizinhos, que busca reunir pesquisadoras do tema na região, possibilitando assim o fortalecimento mútuo dos projetos desenvolvidos.

A UTFPR-PB parabeniza a todos os envolvidos no projeto.