Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Pato Branco > Utilidade Pública
conteúdo

Notícias

Utilidade Pública

Professores da UTFPR-PB lançam ALERTA

Escorpiões marrons em Pato Branco: o que fazer?
publicado: 04/10/2017 16h13 última modificação: 03/11/2022 17h37

Em Pato Branco tem aparecido, cada vez com maior frequência, o escorpião marrom (Tityus costatus) que é considerado um dos mais perigosos e podem causar acidentes graves. Vários são os locais de ocorrência ao longo dos anos, tanto nos bairros como no centro da cidade.

O professor do departamento acadêmico de Mecânica, Fabiano Ostapiv, responsável pelo alerta, diz que “já capturamos mais de 20 escorpiões marrons em Pato Branco. O aparecimento dos escorpiões em nossa cidade é uma questão de saúde pública importante. Buscamos fazer o alerta e trazer este tema para que a sociedade debata e tome as devidas providências. Precisamos diminuir o risco de acidentes com estes animais”, considera.

O escorpião marrom

O escorpião marrom é o principal responsável por acidentes em São Paulo, no Paraná e, também, em Pato Branco. A maioria dos escorpiões, podem viver de 2 a 6 anos, tanto em lugares desertos quanto nas matas. Nos centros urbanos, vivem, principalmente, debaixo de pedras, tijolos, telhas e nas fendas das árvores. Gostam de entulhos de obras e lixo em quintais e terrenos baldios e onde se propagam insetos, como em caixas de gordura e fossas sépticas que são ambientes propícios onde encontram alimento, principalmente baratas, mas também outros insetos como grilos, besouros e moscas. Cada mãe tem aproximadamente dois partos/ano com média de 25 filhotes cada, podendo chegar a 160 filhotes durante a vida.

São animais noturnos que se escondem durante o dia, procurando substratos mais escuros para se esconderem e confundirem com o ambiente tais como sob cascos de árvores, pedras e entulhos, dentro dos domicílios se escondem principalmente nos sapatos e em roupas que ficam pelo chão. Por isso, 70% dos acidentes ocorrem nas pontas dos dedos dos pés e das mãos.

O atributo mais notório do escorpião é seu ferrão venenoso. O veneno dos escorpiões é neurotóxico. Sua ação é muito rápida e forte. A dor é intensa se irradiando por todo o corpo da vítima. Agindo especialmente sobre o sistema nervoso, podendo causar a morte por insuficiência cardiopulmonar. O soro antiescorpiônico é o único remédio eficaz contra as ferroadas dos escorpiões. Todas as espécies de escorpião são venenosas, mas o escorpião marrom é um dos mais venenosos. Os riscos são maiores para idosos e crianças pequenas.

Porque a infestação de escorpiões preocupa?

No Brasil houve um aumento de quase 600% no número de acidentes e mortes causados por esses animais nos últimos 15 anos. Esse aumento é o resultado da expansão urbana sobre áreas antes ocupadas por matas, o acúmulo de lixo e entulho, a diminuição dos predadores naturais e a grande capacidade desses animais se adaptarem ao ambiente.

Segundo dados do Ministério da Saúde, os escorpiões provocaram a maior parte dos acidentes com animais peçonhentos no país, em 2015 foram 74.598 casos registrados, e causaram 119 mortes.  Recentemente dois casos, a morte de uma menina de 5 anos em Cianorte e de um menino de 4 anos em Maringá comoveram a sociedade paranaense.

Dever do Poder Público e da comunidade

No “Manual de Controle de Escorpiões” do Ministério da Saúde é explicado o que fazer para controlar a ocorrência de escorpiões.

Antes de mais nada, o poder público precisa fazer sua parte, identificar as áreas infestadas, fazer inspeções em residências, obras e terrenos baldios, notificar proprietários e promover campanhas públicas junto à população para esclarecimento e combate.

Diz o artigo 3º da Portaria 1.172/ 2004 do Ministério da Saúde que “compete ao município o registro, a captura, a apreensão e a eliminação de animais que representem risco à saúde do homem, cabendo ao estado a supervisão, acompanhamento e orientação dessas ações”.

Por outro lado, a comunidade como um todo tem um papel fundamental na prevenção aos acidentes e controle dos escorpiões.  Assim como no combate ao mosquito Aedes, transmissor do vírus da dengue, é um dever de todos.

As medidas de controle e manejo populacional de escorpiões baseiam-se na retirada e coleta dos escorpiões e a modificação das condições do ambiente a fim de torná-lo desfavorável à ocorrência, permanência e proliferação destes animais.

Na área externa aos domicílios

• Manter limpos quintais e jardins, não acumular folhas secas e lixo domiciliar;

• Acondicionar lixo domiciliar em sacos plásticos ou outros recipientes apropriados e fechados, e entregá-los para o serviço de coleta. Não jogar lixo em terrenos baldios;

• Limpar terrenos baldios situados a cerca de dois metros das redondezas dos imóveis;

• Eliminar baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados;

• Evitar a formação de ambientes favoráveis ao abrigo de escorpiões, como obras de construção civil e terraplenagens que possam deixar entulho, superfícies sem revestimento, umidade, etc;

• Remover periodicamente materiais de construção e lenha armazenados, evitando o acúmulo exagerado;

• Preservar os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos como as corujas, pequenos macacos, quatis, lagartos, sapos, gansos e serpentes não venenosas (galinhas não são eficazes agentes controladores de escorpiões);

• Evitar queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões;

• Remover folhagens, arbustos e trepadeiras junto às paredes externas e muros;

• Manter fossas sépticas bem vedadas, para evitar a passagem de baratas e escorpiões;

• Rebocar paredes externas e muros para que não apresentem vãos ou frestas.

Na área interna

• Rebocar paredes para que não apresentem vãos ou frestas;

• Vedar soleiras de portas com rolos de areia ou rodos de borracha;

• Reparar rodapés soltos e colocar telas nas janelas;

• Telar as aberturas dos ralos, pias ou tanques;

• Telar aberturas de ventilação de porões e manter assoalhos calafetados;

• Manter todos os pontos de energia e telefone devidamente vedados.

Observação: em áreas rurais, a preparação do solo para plantio pode promover o desalojamento de escorpiões de seu habitat natural (barranco, cupinzeiros, troncos de árvores abandonadas por longos períodos).

Por que o controle químico tradicional não funciona

O hábito dos escorpiões de se abrigarem em frestas de paredes, embaixo de caixas, papelões, pilhas de tijolos, telhas, madeiras, em fendas e rachaduras do solo, juntamente com sua capacidade de permanecer meses sem se movimentar, torna o tratamento químico ineficaz. Além disso, a maior parte dos venenos químicos comerciais não mata o animal mas irrita o escorpião tornando-o agressivo.

Prof. Jorge Jamhour, Doutor em Agronomia e Mestre em Ecologia de Comunidades reforça a necessidade de manutenção dos inimigos naturais no ambiente. Uma cobra pode se esgueirar pelas frestas onde o escorpião se aloja, contribuindo ainda para combater outros insetos e pequenos roedores. Lógico que lugar de cobra venenosa é longe do convívio humano, mas essas representam apenas 16% das mais de 370 espécies de cobras existentes no Brasil.

O sapo não vai virar príncipe ao ser beijado, nem vai jogar veneno em seu olho, pois essas são grandes bobagens que fazem parte das lendas urbanas, entretanto, o sapo tem hábitos noturnos, iguais aos escorpiões, portanto, há grande possibilidade de vários escorpiões serem convidados ao jantar do sapo.

Lagartos são importantes integrantes desse controle biológico, pois além de consumirem vários escorpiões, ainda ajudam a combater outros aracnídeos, ratos, insetos e cobras, além de não oferece nenhum tipo de risco ao ser humano.

Atualizado em 04/10/2017

Assessoria de Comunicação

Acompanhe as notícias do Câmpus Pato Branco também no Facebook.