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Entrevista com Sacani

Durante a realização do Orion Days, a ASCOM-PG conversou com o cientista e youtuber que ganhou renome no comando do maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.
publicado: 19/05/2023 09h53 última modificação: 19/05/2023 09h53

Um bate papo cheio de curiosidades e marcado pelo bom humor, foi essa a tônica da entrevista com Sérgio Sacani, uma das principais atrações do Orion Days, a 1ª Feira Aeroespacial dos Campos Gerais, realizada no Campus Ponta Grossa, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Formado em geofísica pela USP, mestre em Engenharia do Petróleo e doutor em Geociências pela UNICAMP, o cientista ganhou renome no comando do Space Today, considerado o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil, com 1,44 milhões de inscritos.

Meu objetivo é esse de informar, difundir astronomia que um negócio legal pra caramba. É difícil, é complicado, mas tem um lado muito interessante, e se esse lado interessante atrair as pessoas está ótimo.

Em sua fala Sacani destacou a importância da ciência na vida e no cotidiano. Do Fascínio que temas como astronomia, astronáutica e os próprios questionamentos quanto à existência de vida inteligente fora da Terra provocam nas pessoas. Como as crianças são impactadas per esses assuntos e a importância de manter esse envolvimento com a ciência para a formação desses indivíduos e até mesmo para o crescimento do país.

De um jeito simples, descontraído e com muita espontaneidade, o cientista nos conduz ao entendimento de como a ciência é importante para o desenvolvimento humano. Ele brincou com o fato de não acreditar na existência de vida fora do planeta Terra, mas falou muito sério quando tratou dos avanços trazidos pela ciência em seu campo de atuação. Conduzir essa entrevista foi uma honra, interromper a conversa e deixar o Sacani ir – ele  ainda tinha uma palestra para fazer – foi difícil, pois havia muitas perguntas ainda orbitando aquele breve e profundo diálogo.

Acompanhe na integra a entrevista realiza pela Assessoria de Comunicação, do Campus Ponta Grossa (ASCOM-PG), com Sergio Sacani, que lotou o Centro de Convivências da universidade, reunindo mais de 500 pessoas para acompanhar de perto a fala do estudioso. 

ASCOM - Sérgio, o pessoal está numa euforia para te ouvir falar, explica para a gente porque esse tema traz tanta curiosidade, principalmente para o público mais jovem?

SACANIPrimeiro eu gostaria de agradecer o convite do pessoal [Orion Aerospace Design, Equipe Organizadora do Evento], é um prazer estar aqui, muito legal estar falando com o publico. Normalmente a gente fala e não vê ninguém, é bom estar falando e vendo o pessoal. Esse tema, desde criança, todo mundo só pensa nisso basicamente. Será que estamos sozinhos por aí? Será que tem alguém aí? E o mais legal de tudo é que dá pra ver que tem coisas que são muito viajantes, nave pousando e tal, mas tem uma galera que pesquisa seriamente isso. E não é de agora, é de muito tempo, por isso, que é legal e fascina todo mundo mesmo.

ASCOM – E quando você fala em pesquisa, quanto à questão cientifica que envolve esse tema, o que você traz para essa palestra e para o público que está aqui hoje?

SACANI Eu vou mostrar que esse lance de procurar vida inteligente no universo é um negócio que vem desde muito tempo, desde antes de Cristo, coisa que o pessoal nem sabia. E vou tentar explicar que tem diferença entre vida microbiana e vida inteligente, e tem a galera que procura vida inteligente. Eu quero trazer uma atualização dos projetos novos e um pouquinho da história, porque os projetos novos (...) são baseados em coisas que já aconteceram antigamente. Eu quero dar um panorama geral para o pessoal, para eles terem uma ideia de como está isso pelo mundo.

ASCOM – Aproximando para o campo científico, qual a importância de estudar esse tema?

SACANIEu sempre falo, pode ser que nunca se encontre [vida inteligente fora da Terra], mas todo o desenvolvimento que se faz para criar equipamentos (...), para chegar um dia a encontrar, é muito importante e a gente usa tudo isso no nosso dia-a-dia. Tem coisas no celular que a gente usa graças a desenvolvimento que foi feito atrás de busca por vida alienígena. Todo esse desenvolvimento é muito importante. É muito legal por ter esse lado científico e não só a parte da ficção científica, de pousar e contatar, mas tem a parte científica no desenvolvimento de sensores, algoritmos, métodos e que é muito importante. 

É preciso lembrar que um país só se desenvolve se ele tiver um bom corpo científico. Tudo que a gente precisa a base é científica (...)”

ASCOM – De forma leiga é claro, mas é comum ouvir pessoas dizerem que seria até egoísmo nosso [da raça humana] pensar que estamos sozinhos no universo. O que você pensa sobre isso?

SACANI Eu falo de uma teoria que é muito famosa e difundida nos dias de hoje (...), que é a teoria da Floresta Negra, será que é egoísmo ou será que é medo de tentar contatar. Se existir outros, será que eles também não têm medo da gente? Eu tenho mais essa visão da Floresta Negra (...). Essa é uma teoria muito importante e tem até livros famosos que estão sendo lançados, todos eles baseados, nem é teoria, a gente chama de hipótese da Floresta Negra (...). O que é isso? Você entra numa floresta escura, negra, os bichos estão escondidos, eles têm medo de fazer barulho e aparecer, por quê? Porque eles não sabem se tem um predador ali do lado deles, então fica todo mundo escondido sem querer dar a cara.  Pode ser que esteja acontecendo isso no universo.

ASCOM – Como é levar essa temática para o mundo virtual? Como surgiu essa ideia?

SACANICom relação à internet eu tenho blog desde 2008, quando a gente escrevia na internet, mas você vai percebendo que o público começa a mudar, a própria forma de interagir, hoje ela é baseada em vídeo. E hoje, aliás, em vídeos curtos, a gente tem nas redes sociais uns videozinhos de um minuto. Mas, na verdade, se o objetivo é atingir o maior número de pessoas, é preciso se adaptar a forma como transmitir a informação. No meu caso eu fui me adaptando. Eu comecei escrevendo, vi que o pessoal começou a migrar para vídeo, fiz vídeo. Agora para vídeo curto ainda não fui, mas quem sabe um dia.

ASCOM – E qual é o objetivo de estar na internet para conversar com esse público? O que você pretende com isso e qual a intenção de levar a informação através desse meio?

SACANIEu acho que é difundir mesmo, tanto astronomia, como astronáutica e tudo mais. A gente tem muita teoria de conspiração, que acaba tomando conta. A minha ideia é ocupar esse espaço primeiro, antes que cheguem essas teorias malucas, porque a gente sabe que quem fala primeiro tem uma vantagem muito grande. Meu objetivo é esse de informar, difundir astronomia que um negócio legal pra caramba. É difícil, é complicado, mas tem um lado muito interessante, e se esse lado interessante atrair as pessoas está ótimo.

ASCOM – A idéia é fazer essa fala, mas sempre pautado pela ciência?

SACANIEssa é a minha ideia. Tanto que em todos os meus vídeos eu coloco artigos científicos. Porque tem coisas legais, por exemplo, uma estrela explodiu, é um negócio legal. É muito complicado uma estrela explodir. Todo o mecanismo é muito complicado, tanto que a gente nem entende direito, mas é um negócio que fascina. Então, é tentar aproximar as pessoas e se uma pessoa olhar: “caramba gostei disso aqui, acho que vou me aprofundar”. E aí ela segue. Acho que esse é o objetivo principal.

ASCOM – A intenção é falar de ciência de uma forma leve aproximando esse conteúdo do cotidiano das pessoas?

SACANIIsso, tentar simplificar. Porque o cientista tem muito disso, ele gosta de falar com palavras difíceis. Eu já vou por outro lado, quanto mais fácil você falar, quanto mais palatável, melhor. Tem muita gente que critica, acha que é simplista. Em minha defesa, eu falo: é simplista mesmo, mas é para atrair a pessoa. Se ela quiser se aprofundar, ela tem como.

São muitas variáveis para a gente estar aqui do jeito que está hoje. (...). Será que em algum outro lugar do universo se repetiram todas essas variáveis? Eu acho que não.

ASCOM – Qual a importância de tentar traduzir a ciência para as pessoas que não são da área e levar isso para o grande público?

SACANI – Ciência é um negócio muito legal. Toda criança sempre gosta. Você tem aqueles laboratoriozinhos de química que criança gosta. Tem dinossauros que criança sempre gosta. Espaço que criança sempre gosta.  Mas quando chega um determinado momento, ela perde esse encanto. Por que ela perde esse encanto? A gente não sabe. Teria que mapear isso direito. Mas pode ser que estejam comunicando para ela de forma errada. Será que simplificar não seria legal, para manter a criançada? Lógico que não vai ser todo mundo que vai virar cientista, mas se uma parcela se tornar, já é excelente para o país. É preciso lembrar que um país só se desenvolve se ele tiver um bom corpo científico. Tudo que a gente precisa a base é científica, então essa é a ideia.

ASCOM – Uma última pergunta, o que você traz nessa noite para impactar o público presente?

SACANIMostrar para eles como começou essa ideia de buscar vida no universo, como as coisas estão hoje e como vai ser o futuro próximo. Os projetos que existem. Pessoas que estão pesquisando. Como pesquisar, porque tem como qualquer um aqui pesquisar (...) existem projetos que chamamos de ciência cidadã. Mostrar algumas hipóteses interessantes como a da Floresta Negra e discutir isso aí com o pessoal (...). Tem muita gente contra minha teoria, eu acho que não existe vida inteligente, até vou começar perguntando quem é que acha que existe vida inteligente, pra ver que nível de hostilidade que eu vou encontrar (risos). Estou brincando. A ideia é essa, passar esse recado para a turma.

ASCOM – Está difícil encerrar, a sua fala traz muitas curiosidade, porque você não acredita em vida inteligente fora do Planeta Terra?

SACANISão muitas variáveis para a gente estar aqui do jeito que está hoje. São tantas que a gente nem sabe, para você ter uma ideia nos não sabemos nem mesmo como a água chegou aqui na terra, que é uma coisa básica, pra vida existir tem que ter água (...). Será que em algum outro lugar do universo se repetiram todas essas variáveis? Eu acho que não. Existe essa linha do pensamento do acaso, eu acho que foi um acaso. Tem gente que acha que não, tem outras teorias e está tudo bem, a gente conversa numa boa.