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Projeto da UTFPR-PG e APEDEF ganha 25 medalhas
Vencedores
A véspera de feriado foi especial para 13 atletas paralímpicos pontagrossenses, eles conquistaram juntos 25 medalhas no Meeting Paralímpico, edição Curitiba. O evento, idealizado e criado pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), aconteceu no dia 11 de outubro, com a participação total de mais de 70 esportistas do atletismo paralímpico de todo o estado do Paraná, muitos deles que estavam sem competir desde o início de 2020 - dada a situação pandêmica pela qual o país passou.
Para a cidade de Ponta Grossa foram conquistados 20 ouros, quatro pratas e um bronze, obtidos pelos atletas representantes do projeto de extensão Prática Esportiva e Treinamento para Pessoas com Deficiência (PETPD), realizado na Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Ponta Grossa, em parceria com a APEDEF - Associação Pontagrossense de emancipação para Deficientes.
Dos quase 30 atletas que treinam no projeto, apenas 13 estavam com seu ciclo vacinal completo contra a COVID-19 e puderam estar presentes nesta competição, ainda assim, conquistando um expressivo resultado para o município. O PETPD já tem em vista a participação em mais duas competições ainda neste ano de 2021, sendo elas: os Jogos Paradesportivos do Paraná (dias 30 e 31 de outubro) e o Paranaense de Atletismo (no mês de dezembro). Este último com um significado especial para os atletas que buscarão manter o atual título de campeões, conquistado na última edição do Jogos organizados pela Federação Paranaense de Atletismo.
Conheça o PETPD
O projeto de extensão Prática Esportiva e Treinamento para Pessoas com Deficiência (PETPD) atende cerca de 30 pessoas, com a coordenação do professor Gilberto Martins Freire, que orienta e treina competidores para o atletismo e o tênis de mesa paralímpicos.
O período de isolamento social, em 2020, foi particularmente difícil para os atletas do PETPD, mas não interrompeu o foco nos treinamentos. Sem a possibilidade de realizar trabalhos de campo, por exemplo, o projeto conseguiu firmar parcerias com academias do município para a continuidade dos trabalhos de força dos atletas.
Mas este projeto vai muito além das competições. As dificuldades financeiras durante a pandemia de Covid-19 ficaram ainda mais evidentes, o que levou a coordenação do projeto e professores do Departamento de Ensino da UTFPR-PG a se mobilizarem para auxiliar os atletas em diferentes aspectos, muitas vezes arcando com alguns custos domiciliares (água, luz) e a compra de cestas básicas. Com a normalização das atividades e o retorno da bolsa “Prata da Casa”, ofertada pela prefeitura municipal de Ponta Grossa, as dificuldades financeiras dos atletas são minimizadas.
A expectativa de Gilberto é conseguir agregar mais recursos humanos para o projeto, com a intenção de futuramente também agregar atletas crianças, “visando o empoderamento delas através do esporte, promovendo o desenvolvimento de força e ainda mais segurança desde a infância”, destaca o docente da UTFPR-PG nas disciplinas de Educação Inclusiva e Pessoa com Deficiência e Inclusão.
A ideia de ampliar a quantidade de esportes ofertados e a faixa etária dos atletas permanece viva, mas ainda necessita de material humano para o apoio às atividades. Gilberto diz, em um tom bem-humorado, “eu sou o técnico, o psicólogo, o mecânico, muitas vezes até um pai para esses atletas”. E os recursos humanos continuam a ser a maior dificuldade para manter e ampliar o projeto, pois, “um projeto de inclusão deve ser um projeto de muitas mãos, assim como ele já é, ao contar com as mães e pais de atletas, dos próprios atletas veteranos e funcionários de entidades como a APEDEF. Todas estas pessoas trabalham anonimamente para a continuidade deste trabalho”.
Gilberto foi técnico da seleção brasileira de atletismo paralímpico e conheceu Ponta Grossa em 2002, quando organizou os Jogos Paralímpicos do Brasil, indo às principais cidades do interior do país para “jogar a semente do esporte”. Hoje, os frutos são colhidos: Ponta Grossa é a atual campeã paranaense de atletismo. Parte deste trabalho que o educador físico busca manter, agora de dentro da UTFPR, já que para ele a extensão é isso, trazer a comunidade para dentro da universidade, e levar a universidade para toda a sociedade.
“A inclusão das pessoas está na agenda da ONU, da OMS, das principais instituições internacionais, e é um trabalho que precisa de muita força, pois a sociedade permanece cheia de preconceitos. Mesmo 2021 sendo, historicamente, o ano em que as paralimpíadas tiveram o maior tempo de exposição na mídia, as pessoas com deficiência ainda parecem ser invisíveis, na rua, no supermercado, em todos os lugares. Além de todos os obstáculos, a gente parte com o projeto para esse lado da inclusão, por que se a pessoa pode competir, praticar esporte, correr, lançar, saltar, essa pessoa pode trabalhar, basta que a sociedade dê oportunidade a elas”, ensina o ex-técnico da seleção brasileira de atletismo paralímpico, Gilberto Martins Freire.