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Professores da UTFPR prospectam parcerias para ensino e pesquisa na França

Instituições visitadas atuam na área de agronomia e engenharia sanitária e ambiental com foco nos temas solo e água.
publicado: 23/02/2023 15h48 última modificação: 23/02/2023 15h48

Na última semana, de 13 a 16 de fevereiro, os professores da UTFPR, Taciara Zborowski Horst (Dois Vizinhos) e Alessandro Samuel-Rosa (Santa Helena e Francisco Beltrão), realizaram visitas técnicas e reuniões com docentes e pesquisadores franceses. O principal objetivo da atividade foi prospectar possibilidades de cooperação internacional em ensino e pesquisa para o Laboratório de Pedometria e demais unidades da UTFPR.

Também participaram das visitas os pesquisadores Dalvan Reinert, Telmo Amado e Danilo dos Santos, todos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

Escola de Engenheiros de Limoges

A Dra. Marília Camotti Bastos, especialista em água e ambiente, recepcionou os pesquisadores brasileiros na Escola de Engenheiros de Limoges. Durante a reunião, a Dra. Marília explicou as principais diferenças entre os sistemas de ensino superior brasileiro e francês. Segundo ela, a entrada numa escola de engenharia na França é um processo muito competitivo e virtualmente todos os graduados conseguem emprego imediatamente. "A formação de nossos engenheiros conta com a participação ativa de empresas dentro da Escola, que trazem problemas do mundo real modelados na forma de pilotos que muitas vezes geram produtos econômicos", ressalta a Dra. Marília.

As formações em engenharia oferecidas pela Escola de Engenharia de Limoges são seis: Água e Meio Ambiente, Cerâmica Industrial, Civil, Eletrônica e Telecomunicações, Mecatrônica e Materiais. Estrangeiros interessados em estudar na Escola de Engenharia de Limoges podem se inscrever no processo seletivo realizado periodicamente, precisando comprovar a proficiência na língua francesa. Uma maneira alternativa para estrangeiros estudarem na Escola de Engenharia é por meio da dupla titulação, que exige três semestres em Limoges e três semestres na universidade de origem. No momento, apenas a Universidade Federal de Pernambuco possui acordo com a Escola de Engenharia de Limoges para viabilizar esse tipo de diplomação. Mais informações podem ser obtidas com o escritório de relações internacionais da instituição francesa pelo e-mail <accueil.international@unilim.fr>.

Universidade de Limoges

As atividades na Universidade de Limoges ficaram a cargo dos pesquisadores Dr. Thibaut Le Guet e Dr. Valentin Robin do Laboratório E2Lim. O Laboratório E2Lim é uma unidade de pesquisa da Universidade de Limoges que reúne 35 pesquisadores de disciplinas como química, biologia, microbiologia, ciência do solo e engenharia de processos. As atividades do Laboratório E2Lim são desenvolvidas num contexto nacional e internacional, onde o ambiente é a prioridade, mantendo parcerias com empresas no âmbito da pesquisa, desenvolvimento ou cursos de formação para alunos e estudantes de engenharia.

Além de colaborar em cursos da Escola de Engenheiros, o Laboratório E2Lim oferece dois cursos de bacharelado em gestão e proteção ambiental: Diagnóstico e Desenvolvimento de Recursos Hídricos (DARE) e Tratamento de Água (TE). Segundo a Dra. Véronique Deluchat, responsável pelo setor de comunicação, "o E2Lim tem grande interesse em firmar acordos de cooperação internacional para viabilizar o intercâmbio de estudantes de graduação nas áreas de água e ambiente". Para o Prof. Alessandro Samuel-Rosa, docente do PPG em Engenharia Ambiental do Campus Francisco Beltrão, "essa é uma oportunidade que deve ser explorada pela UTFPR, especialmente pelas coordenações dos cursos de engenharia sanitária e ambiental".

Mais informações sobre a Universidade de Limoges podem ser encontradas na página web <https://www.unilim.fr/e2lim/>.

Universidade de Poitiers

Na Universidade de Poitiers, a comitiva brasileira foi recebida pelos pesquisadores Dr. Jérôme Labanowski e Dr. Laurent Caner, ambos do Instituto de Química de Ambientes e Materiais (IC2MP). O IC2MP conta com ampla infraestrutura para pesquisa, dispondo de equipamentos de avançada capacidade de identificação e quantificação de elementos e moléculas (pesticidas, medicamentos) em diversos meios e materiais. Tendo os corpos d'água como principal objeto de estudo, a dupla de pesquisadores desenvolve e aplica estratégias de monitoramento da contaminação (dentre os quais estão os biofilmes) e identificação de fontes de contaminantes (inclusive erosão do solo).

Segundo a Profa. Taciara Horst, o monitoramento e identificação de fontes de contaminantes de corpos d'água "foi alvo de grande número de estudos multidisciplinares realizados em microbacias hidrográficas no Rio Grande do Sul na última década, envolvendo principalmente pesquisadores da química e ciência do solo". "A Universidade de Poitiers é um destino excelente para pós-graduandos da UTFPR interessados em continuar suas pesquisas em temas como qualidade do solo e da água", afirma a pesquisadora da UTFPR Dois Vizinhos.

INRAe Lusignan

A última visita da comitiva brasileira foi realizada ao INRAe Lusignan, unidade do Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola, Alimentar e Ambiental da França localizada em Poitiers, sendo conduzida pelo pesquisador Dr. Abad Chabbi. A unidade é reconhecida por sua expertise em pastagens e produção animal para atender demandas regionais. Seu reconhecimento internacional aumentou com a instalação de um dos observatórios do INRAe para avaliar o efeito de pastagens temporárias alternadas com culturas anuais no meio ambiente no longo prazo. Instalado em 2003, o observatório gera diariamente grande volume de dados sobre solo, planta, atmosfera e animais. Pós-graduandos e pesquisadores de várias partes do mundo têm sido contratados pelo INRAe Lusignan para analisar esses dados e elaborar recomendações de uso sustentável das terras na região Nouvelle-Aquitaine na França.

Um dos destaques do observatório do INRAe Lusignan é o experimento de avaliação dos efeitos do aquecimento do solo em função da mudança climática. No experimento, os pesquisadores mantém os primeiros 200 cm do solo aquecidos permanentemente e analisam periodicamente propriedades como disponibilidade de água, estoque de carbono e atividade biológica. Um dos principais resultados encontrados até o momento é a considerável perda de carbono do subsolo em função do aquecimento. "Infelizmente o carbono armazenado em maiores profundidades do solo é pouco estudado e assim sabemos pouco sobre sua dinâmica no ambiente; novas pesquisas sobre qualidade do solo em sistemas de produção agropecuária devem olhar para profundidades abaixo dos tradicionais 20 cm", pontua o Prof. Alessandro Samuel-Rosa.